Os novos desafios da Reabilitação Oral vem aí
- PAULO ROSSETTI
- 17 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 21 de dez. de 2024
Como será o ano de 2025 para a Reabilitação Oral sobre dentes e implantes?
Por um lado, Os pacientes estão cada vez mais interessados em revisar ou manter sua saúde bucal. Reflexo das imagens e mensagens nas redes sociais. O nível de atenção nunca foi tão alto, talvez superado apenas nos tempos pós pandemia com os números cada vez maiores de frequência de cáries e fraturas dentárias (bruxismo, estresse).
Por outro lado, o Brasil desfila entre os países com a melhor odontologia do mundo mesmo diante do número ainda elevado de desdentados totais e dos índices de conscientização sobre a escovação e uso do fio dental.
Entre um extremo e outro, existem desafios atemporais. Talvez, o mais importante é tentar esclarecer nossos pacientes quando o tratamento A ou B se aplica. Na verdade, é prática fornecermos três ou quatro opções, classificadas por ordem de prioridade e relação custo-benefício.
Não existe, na literatura odontológica científica, resposta para todos os tipos de patologias bucais. Muitas vezes, os tratamentos propostos são os que têm melhor "resposta clínica" ao longo do tempo.
Como sempre, esses desafios da Reabilitação Oral são identificados em duas frentes:
Uso maior das tecnologias pelos dentistas
Escâner intraoral
O primeiro período do avanço das tecnologias digitais no Brasil odontológico tem uma explicação simples: acesso em massa. Por exemplo, a tomografia computadorizada de feixe cônico. Nada mais que um serviços de fornecimento de exame e laudo, certo? Errado! Pela primeira vez foi possível colocar nossos pacientes em posição sentada para renderização de uma imagem (tridimensional) óssea.
O fato acima, associado à expansão e uso de implantes dentários (convencionais e zigomáticos) e mini implantes, causou um "frisson" tecnológico, catapultando a segunda tecnologia digital associada: a geração dos guias cirúrgicos por estereolitografia/prototipagem (e mais recentemente, pela impressão 3D dessas peças).
Nesse momento, a "luz que surge no fim do horizonte" é do tipo "estruturada", capaz de fotografar centenas de quadros por segundo e gerar um objeto 3D. Sim, os escâneres intraorais. Mais leves, portáteis, algumas versões até sem fio (wireless) e cabeças menores para escaneamento.
O escaneamento intraoral e a tomografia de feixe cônico, como ferramentas combinadas, podem ajudar na localização, por exemplo, da embocadura dos parafusos da prótese, preservando a anatomia da coroa dentária.
Em paralelo, o processo de revisão dos softwares desses dispositivos está acelerado. Parte disso é a compreensão acumulada ao longo dos anos, enquanto a outra parte é pelos novos processadores desenhados para trabalhar com inteligência artificial (NPU - neural processing unit) que prometem revolucionar a maneira como trabalhamos. Aguardem.
O escâner, embora não pareça, é a ferramenta de comunicação mais democrática da Odontologia contemporânea. Ela transita facilmente pela prevenção, ortodontia e até Odontologia Forense.
Não soaria estranho o Governo Federal criar um programa de estímulos, com custos reduzidos, para que a documentação intraoral fosse realizada, em larga escala, através do escaneamento. Fica o desafio.
Nessa revolução tecnológica na Reabilitação Oral, uma coisa é certa: cada vez mais estaremos realmente dando adeus aos populares métodos "moldeira com alginato".
Fresadoras e impressoras 3D
As máquinas de usinagem contemporânea (4, 5, e mais eixos) estão há bastante tempo no mercado, vindo muito antes dos escâneres intraorais. De uso laboratorial primário, também se tornaram portáteis atendendo à demanda dos consultórios nos casos simples.
Neste sentido, é interessante notar que a "fase braçal" da prestação de serviços gradativamente é transferida para a máquina, enquanto a "fase mental" ganha mais corpo e tempo. Por exemplo, imaginem a facilidade de usar uma "bolacha de cera" para construirmos o esqueleto de uma reabilitação oral. Quanto tempo comparado ao método tradicional (ceras de escultura e de bordo gotejadas, casquete de reforço em acrílico de precisão, a caixa para controle da temperatura) podemos ganhar?
Na cirurgia guiada, as máquinas conseguem criar peças para todos os tipos de cirurgia: aplainamento ósseo controlado, colocação de implantes dentários, e a recente customização 3D de enxertia.
A impressão 3D também pode avançar significativamente em 2025. Outra prestação de serviços poderosa, especialmente em situações de emergência. As unidades DLP, por exemplo, conseguem gerar dezenas de unidades de restauração por milímetro quadrado. Então, a nossa etapa clínica corresponderia praticamente ao reembasamento desses materiais.
A diferença em relação ao processo convencional? A chance de um estoque de reposição padronizado, exatamente como temos nos pilares protéticos e parafusos para implantes dentários.
O seu paciente vai viajar, tirar férias? Dê-lhe um belo jogo de coroas provisórias impressas 3D. Assim, ele poderá se virar em qualquer consultório (e você também terá as suas merecidas férias).
Ultrassom
Sim, e não é só para a HOF. ATM e diagnóstico de outras patologias.
Nós sabíamos que a harmonização orofacial, ainda mais num país como o Brasil, seria uma avalanche.
Ainda estamos no "boom"? Sim. Estruturamos a face com diversos tipos de materiais? Sim. Mas como saber o que foi injetado? Como saber o que ainda está em posição?
E como dizer isso aos nossos pacientes?
Chegou o momento do ultrassom nos ajudar.
Microscopia Operatória
Ganhou corpo primeiro na Periodontia, ao conseguirmos fazer cirurgias melhores, com suturas mais delicadas e a certeza de um pós-operatório mais rápido.
Na Endodontia, conseguimos identificar trincas em assoalhos de câmaras pulpares, fraturas obliquas e canais laterais/acessórios nunca antes diagnosticados. Bastante complementar ao que se faria na Dentística Operatória ao nos deparamos com restaurações adesivas.
Além disso, tanto a Periodontia quanto a Endodontia podem ser guiadas tridimensionalmente.
As respostas dos pacientes às novas tecnologias
Na outra ponto do desafio, estará o seu paciente. A forma como ele vai se adaptar à essas tecnologias. Já é comum enviarmos todos os tipos de imagens por smartphone, certo? Desenhamos, recortamos, e agregamos as etapas dos planejamentos.
Basicamente, com um punhado de fotografias e radiografias, sem sair da sua mesa, é possível carregar todos esses exames e montar uma sequência de atendimento. E transmiti-la de qualquer ponto do planeta ao seu paciente. Basta que abram a câmera do celular.
O seu paciente faz uma "selfie" da boca e manda para você?
Podemos "criar" um sorriso virtual totalmente novo, podemos colocar esse "sorriso virtual" artificialmente e dar movimento com os programas apropriados.
Um alerta: o dente vale ouro
Os desafios acima não superam a nossa capacidade de diagnóstico. São ferramentas auxiliares.
Óbvio, podemos ganhar tempo e vermos melhor aquilo que supúnhamos.
Mas o assunto "extrair ou manter o dente" merece atenção suprema.
Nos últimos 50 anos de implantodontia contemporânea, o fato mais comentado foi a identificação do quão valioso é ter o "bundle bone" e a espessura natural da tábua óssea vestibular, especialmente na zona estética.
Assim, você não pode garantir 100% das vezes que, ao se extrair um dente, a posição da gengiva seja a mesma. Cirurgias plásticas complementares serão necessárias.
Atualmente, implantes dentários podem ser colocados e estabilizados em qualquer região anatômica. Basta treinamento e conhecimento das técnicas. O problema é que nem sempre a quantidade óssea local será suficiente para impedir problemas no futuro. Cada vez mais, a nossa capacidade de diagnóstico será testada.
Em tempos de crise, governos do mundo inteiro estocam ouro. Façamos o mesmo movimento (com os dentes).
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