"Zona estética", "área estética", "região anterior da maxila": quais são os milímetros que importam na Periodontia?
Afora as famosas distâncias (larguras) biológicas comprovadas clinicamente, que todo mundo tem entre 3 e 4,5mm, qual seria a espessura média do tecido gengival nessa área que nos custa tanto para melhorar?
Excelente pergunta, ainda mais porque atualmente usamos meios não destrutivos nesta avaliação, como o ultrassom e a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC).
Ainda, vivemos em uma época onde os implantes dentários podem ser colocados imediatamente no alvéolo de extração. Saber o quanto temos de tecido ósseo e tecido mole residuais é uma grande vantagem no planejamento das enxertias e outras terapias associadas.
O "ajuste fino" biológico periodontal é fatal: frente à uma agressão (mecânica ou biológica), o tecido se retrai. Se a agressão for crônica, a retração é permanente.
E por mais que esse tema seja interessante e envolvente, há escassez de estudos controlados na literatura, principalmente pela variação nos locais de mensuração (nível da JCE, fundo do sulco gengival, porção mais apical, região interproximal)
Por exemplo, se considerarmos os estudos selecionados na revisão sistemática com metanálise mais recente:
quando as medidas foram realizadas usando-se TCFC e tomando-se o ponto vestíbulo mediano como referência, os valores médios ficaram entre 0,87mm e 1,29mm na maxila, e entre 0,76mm e 0,93mm na mandíbula.
quando as medidas foram realizadas usando-se a técnica do ultrassom e tomando-se o ponto vestíbulo mediano como referência, os valores médios ficaram entre 0,56mm e 0,95mm na maxila, e entre 0,55mm e 0,92mm na mandíbula.
quando as medidas foram realizadas usando-se a técnica transgengival e tomando-se o ponto vestíbulo mediano como referência, os valores médios ficaram entre 0,55mm e 1,50mm na maxila, e entre 0,55mm e 1,6mm na mandíbula.
A espessura gengival na região anterior da maxila é maior do que na mandíbula. O que era intuitivo agora se confirma quando 2059 dentes na mandíbula são confrontados com 2100 dentes na maxila: a diferença de espessura favorece a maxila em 0,16mm.
Os dados acima funcionam para dentições naturais, intactas, sem problemas gengivais, sem tratamento ortodôntico prévio.
É o cenário ideal, mas não é o cenário real. Pelo menos, não para quem precisa resgatar esses milímetros preciosos nos casos complexos.
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