A prática da prótese total convencional, conhecida no Brasil como confecção de dentadura (e daí o nome em inglês, "complete denture" ou "removable complete denture", o que traz confusão porque no Brasil logo associamos erroneamente à PPR) estava simplesmente esquecida no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990.
Acreditem: a ciência de montar dentes artificiais, apesar da sapiência dos nossos mestres, beirava o "fora de moda".
Não que não tivéssemos aprendido técnicas como a zona neutra, a oclusão lingualizada, e tantos outros recursos para amenizar a perda de função mastigatória e distribuir melhor a pressão sobre as áreas de apoio (mucoso em sua maioria e com pouco rebordo ósseo remanescente).
Mas este cenário mudou quando os implantes dentários chegaram para ficar. A sensação de ter uma prótese fixa aparafusada, sob uma área edêntula, transformou a vida de muita gente para sempre. Tanto dos profissionais, quanto dos pacientes:
As Overdentures, apoiadas sob duas raízes remanescentes na região anterior, agora seriam fixadas sobre um encaixe tipo bola ou barra/clipe, que fica aparafusada ou conectada aos implantes.
As Próteses Totais Fixas seriam conectadas sobre 4-5 implantes dentários distribuídos ao longo dos rebordos.
E com essas mudanças, a necessidade de aprendermos dois aspectos importantes:
Primeiro, entrava em cena uma nova "maneira de moldar": a transferência dos componentes protéticos (ao nível da cabeça dos implantes ou pelos componentes conectados aos intermediários). Aqui, por muitos anos, nossas escolhas ficaram entre componentes de moldeira aberta ou moldeira fechada.
Segundo, as infraestruturas deveriam ser enceradas e obtidas conforme o espaço interoclusal, e isto pressupunha conhecimentos biomecânicos, como: 1) Qual o comprimento máximo da barra considerando o cantilever? 2) Qual a espessura da barra na área de secção transversal? 3) Qual seria o material para confeccionar a barra? 4) A barra seria monobloco ou fundida em pequenas peças para soldagem? 5) O espaço remanescente seria suficiente para a resina da flange e os dentes artificiais?
Para que tudo isso desse certo, os conhecimentos em prótese total ficaram ainda mais indispensáveis, principalmente porque o desejo de retirar o palato da prótese foi executado em centenas de casos.
Assim, se você é iniciante na prótese total (convencional ou sobre implantes), precisa aprender rapidamente os 5 mandamentos abaixo:
estude as áreas de retenção disponíveis: com certeza, próteses totais sobre implantes têm maior frequência na mandíbula, mas nem sempre as mesmas são necessárias na maxila totalmente edêntula;
o espaço interoclusal disponível conta muito: este fator só pode ser estudado corretamente com os modelos de gesso montados no articulador semiajustável (físico ou virtual) e será importante para determinar a altura, a largura e a espessura da infraestrutura;
o suporte labial da prótese total superior: o quanto é possível remover de altura da base de resina acrílica rosa e como isto muda/afeta o suporte labial poderá ser verificado com uma foto frontal em repouso e em sorriso forçado;
simplifique o desenho da prótese: pacientes diferentes possuem capacidade financeira e de manutenção diferentes;
acompanhe o tratamento de perto nos primeiros meses: implantes dentários não possuem ligamento periodontal e a prótese fica sob a carga oclusal que o paciente "acha" que precisa para cortar e mastigar os alimentos, resultando em fraturas e trincas.
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