Células-tronco: difícil acreditar que algum profissional de saúde nesse planeta não saiba o que elas significam.
Com o tempo, a literatura mostrou que ao pegarmos uma célula de um tecido específico, podemos fazê-la "regressar" ao seu estado primordial, ou seja, uma célula-tronco.
O passo seguinte seria pegar esta célula, e transformá-la em outro tipo de célula. Daí, chamamos de "diferenciação".
E acreditem: a cavidade bucal tem diversas fontes de células-tronco. Uma delas vem das gengivas, nossa "amiga" do dia a dia.
O outro ponto importante nessa história é a suspeita milenar de que tecidos em diferentes partes do nosso organismo "conversam" como se fosse uma grande rede social.
Ao longo dos anos, a literatura mais recente tem mostrado que tecidos outrora considerados "nada a ver", ou seja, nunca dariam "match", agora estariam em pleno namoro.
Uma cena desse romantismo está no casal tecido nervoso & tecido ósseo.
Há diversos evidências demonstrando o papel de componentes das células nervosas (substância P, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP)) nos ossos , mas sem muita compreensão desses mecanismos globalmente.
Agora, há uma possibilidade disso realmente deixar de ser estranho.
A confirmação desse "match" acaba de sair, usando uma célula da gengiva como ponto de partida:
É possível pegarmos uma célula da gengiva e transformá-la em uma célula-tronco pluripotente induzida (IPSc). Daí em diante, com alguns processos de laboratório, ela é transformada em célula nervosa e, com um gel servindo de arcabouço, ela pode ser usada para fechar defeitos ósseos. Quando acharíamos que isso poderia acontecer?
O estudo foi realizado em ratos.
As análises histológica, imunohistoquímica e microtomográfica confirmaram o fechamento dos defeitos nas calvárias (crânios) com tecido ósseo. Isso mesmo: o bom e velho colágeno com cristais de hidroxiapatita, o sonho de todos que investigam esse tema.
A análise das proteínas (sequenciamento do RNA) formadas por essas células nervosas também confirmou a predominância de atividades gênicas capazes de formar osso, incluindo fatores de crescimento específicos, e também da via de sinalização TGF-beta (família das BMPs).
No mínimo, isso indica que há genes com funções comuns em tecidos diferentes (nervos e ossos). Assim, o tecido neural também forma osso.
Será que algum dia teremos a chance de fazer todos esses processos (mas sem sairmos do consultório) para regeneração dos defeitos ósseos dos nossos pacientes?
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