Tabagismo, fumo de mascar, charuto, cigarro. Termos que classificam a categoria dos fumantes ativos. Não me esqueci dos fumantes passivos. E nessa discussão antiga do "onde termina o seu, começa o meu", os bares e restaurantes criaram alas específicas para seus clientes. Ora, os incomodados poderiam se mudar, mas sem deixar os estabelecimentos, e vice-versa.
O cigarro continua um grande problema de saúde pública, responsável também por duas doenças: câncer de garganta e câncer de pulmão. No Brasil, em 2023, as estatísticas mostram 18 mil casos novos por ano. Seus efeitos são devastadores, tanto para os pacientes quanto para as famílias.
Na Odontologia, a nicotina, uma das substâncias encontradas no cigarro, é capaz de inibir a sialoproteína óssea (BSP). Resultado: adeus osso, rebordo e crista óssea.
Por muito tempo, vemos em todos os trabalhos científicos que os fumantes também são classificados em leves, moderados e inveterados. Isto é feito pelo auto relato da quantidade de maços por ano. Do ponto de vista de precisão, seria interessante também pedir o exame da cotinina no sangue.
E não vamos nos esquecer: o tabagismo continua fator de risco para periodontite e peri-implantite, prejudicando substancialmente os procedimentos de ROG (Regeneração Óssea Guiada).
Mesmo assim, não é impeditivo fazermos uma cirurgia periodontal, mesmo sabendo que a cicatrização do tecido mole não será tão veloz ou de qualidade. Neste sentido, a aplicação do protocolo de interrupção do hábito de fumar (smoking cessation) por períodos pré-determinados antes e depois da cirurgia seria benéfica.
A Medicina recomenda: quanto mais cedo o seu paciente parar, melhor será para a recuperação da própria saúde. Isto continua valendo.
Mas entre o "parar" e "se recuperar", o artigo mais recente revela que os efeitos do cigarro ainda duram por muitos anos.
Isso é preocupante? Muito, principalmente na Odontologia, onde fazemos as cirurgias periodontias, maxilofaciais e os implantes dentários.
Pesquisadores do Instituto Pasteur, ao acompanharem 1 mil doadores de amostras, divididos em várias faixas etárias, verificaram que o cigarro influencia as respostas imunes inatas e adaptativas.
Na primeira situação, seus efeitos na resposta inata somem quando as pessoas param de fumar.
Mas na segunda situação (adaptativa), seus efeitos persistem, gerando uma resposta epigenética no DNA (modificando as sequências de DNA que ativam e desativam os genes).
Em resumo: tudo isso afeta as citocinas (sistema imune) e como elas reagem com os patógenos no seu corpo.
O cigarro afeta o DNA humano. Pare de fumar enquanto ainda é tempo.
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