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Lendo um artigo científico - estatística - parte 2 - o que eu preciso saber primeiro?

  • Foto do escritor:  PAULO ROSSETTI
    PAULO ROSSETTI
  • 3 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de dez. de 2024


Aviso: se você não leu a parte 1, clique aqui.


Como explicado na parte 1, a estatística não foi só criada para fornecer porcentagens (%), mas também para comparar as coisas usando os números.


Abaixo, imagine uma situação fictícia na área de prótese fixa, onde os pacientes receberam dois sistemas diferentes de implantes dentários (A e B), havendo um único sistema restaurador (por exemplo, coroa de porcelana cimentada).


Essa situação é bem parecida com a foto desse post: os copos (todos iguais em formato e tampa são as coroas de porcelana), e os líquidos (são os sistemas de implantes). Assim, precisaremos experimentar os líquidos (implantes dentários) para sentir as diferenças de sabor (que representa o grau de remodelação óssea).


Analisar o grau de remodelação óssea é uma prática que deve ser adotada por todo profissional do campo da implantodontia. Basta usar o posicionador correto, o filme do tamanho certo, e fazer a técnica do paralelismo com o cone longo. As roscas dos implantes precisam ficar nítidas.

Retornando: na prática, a remodelação é lida diretamente na imagem radiográfica periapical e seus valores são fornecidos em milímetros.


Daí, para cada sistema A e B, os valores individuais são somados e divididos pelo número de leituras realizadas em cada implante. Esse processo gera as médias de remodelação em A e em B.


Mas como tem muito valor que fica acima ou abaixo da média, é certo que existe uma variação.


É como nas variações da taxa de câmbio entre países: tem seus altos e baixos ao longo dos dias e dos meses.


Bem, para entender essa variação, foi criado outro parâmetro estatístico, que vem escrito nos artigos depois da média: o desvio padrão.


Por fim, entre a média e o desvio padrão haverá um símbolo de mais e menos, escrito da seguinte forma:


1,5 ± 1,2 mm


É nesse conjunto de valores acima que você deve ficar de olho.


Por outro lado, o teste estatístico também possui outro detalhe: o nível de significância, o famoso alfa (α). Geralmente, esse valor é de 5% ou 0,05.


Do ponto de vista clínico, há duas situações possíveis:

  • a remodelação em A é igual à remodelação em B

  • a remodelação em A é diferente da remodelação em B (e aqui, os valores em A podem ser maiores ou menores do que em B)


Para terminar o raciocínio, quando os valores forem comparados, se o valor p do teste estatístico for menor que o valor α, teremos uma diferença estatisticamente significativa entre os sistemas A e B.


Com todas essas informações, vamos ler o texto que fala sobre isso, separando os parágrafos em duas fases:

Após 5 anos de acompanhamento, os valores de remodelação óssea foram: sistema A (0,59 ± 0,32mm) e sistema B (1,54 ± 0,33mm). A média de remodelação em A foi menor do que em B.
Ainda, o teste t de Student detectou uma diferença significativa entre essas médias (p = 0,001), menor do que o nível de significância (α = 0,05).

  • a primeira fase é a parte descritiva: os valores de A e B foram colocados, e a média de remodelação em A foi menor do que em B.

  • a segunda fase é a parte inferencial (o resultado do teste): essa diferença entre A e B foi significativa do ponto de vista estatístico (p = 0,001 é menor do que alfa = 0,05).


Faz sentido, do ponto de vista clínico, dizer que o implante sistema A teve uma remodelação óssea compatível com o que seria esperado , enquanto o implante sistema B não teve o mesmo desempenho, após 5 anos de acompanhamento.

E assim, a parte 2 da estatística - o que eu preciso saber primeiro - fica por aqui.


Bons trabalhos para vocês!!!

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