A epidemia de SARS-COV-2 (nCOV, COVID-19), nome do vírus respiratório que precede os seus antecessores (SARS-COV, 2002-2003) e MERS-COV (2012), traria mudanças profundas na Odontologia. Quando oficialmente decretada pela OMS em 11 de março de 2020, o Brasil sentia os efeitos da “tempestade de citocinas”. A saída era interromper os atendimentos e readequar os procedimentos de biossegurança (máscaras, barreiras, desinfecção da via oral) nos consultórios odontológicos. Também, fizemos de tudo que foi possível: deixamos os sapatos do lado de fora, a limpeza meticulosa do chão e dos alimentos, evitamos o contato com pessoas de risco e finalmente o lockdown. Diversos congressos nacionais e internacionais foram adiados. Diversas terapias foram propostas.
Ao mesmo tempo, a base de dados PubMed criou um site exclusivo , LitCovid, para reportar artigos investigativos (atualmente, acima das 400 mil referências).
Além das cidades afetadas na China, países como Estados Unidos, Itália e Espanha foram muito castigados no início, e a estatística de contaminação relatada diariamente na plataforma da universidade John Hopkins até 3 de outubro de 2023.
Surgiram as vacinas (e as variantes do vírus, como esperado). Entretanto, até outubro de 2023, em números aproximados, o Brasil já contava com 37 milhões de casos confirmados, 699 mil óbitos, e 502 milhões de doses vacinais administradas. Assim, essa taxa de falecimento (caso-fatalidade) ficou em 1,89%. Para efeito de comparação, nos EUA, a contaminação chegou perto dos 680 milhões, com pouco mais de 6 milhões de óbitos, gerando uma taxa de caso fatalidade de 1,08% (13 bilhões de doses vacinais).
Mas como em toda situação onde se “aprende a andar com o carro em movimento”, chega a hora do balanço: como anda a relação entre a COVID-19 e a busca por vacinas nasais?
Nós, cirurgiões-dentistas, precisamos fazer esta pergunta por três motivos simples:
Os anticorpos contra o SARS-COV-2 circulam no sangue (defesa natural/imunização), mas também nas mucosas nasal e bucal, sendo a saliva o local de coleta mais fácil, por exemplo, das imunoglobulinas IgG e IgA, funcionando tecnicamente como uma medida direta e mais simples do que os testes de coleta por swab nasal para RT-PCR. Ao mesmo tempo, diversos kits para exame da saliva têm sido desenvolvidos.
Ainda, interações da proteína spike do SARS-COV-2 são vistas com o fator de virulência (lipopolissacarídeos – LPS) do P. gingivalis. Isto poderia causaria uma relação bidirecional entre o estado inflamatório periodontal e sistêmico.
Sendo esse vírus respiratório, vacinas e sprays nasais (reforços) poderiam conter o espalhamento da infecção para outros órgãos críticos muito antes das vacinas intramusculares.
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