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Concentrados plaquetários autólogos: PRF no tratamento de defeitos intraósseos

  • Foto do escritor:  PAULO ROSSETTI
    PAULO ROSSETTI
  • 28 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

PRF: protocolos de centrifugação em constante estudo.
PRF: quais modalidades são benéficas aos defeitos intraósseos?


Em Periodontia, defeitos intraósseos são, da forma mais simples possível, defeitos que estão dentro do osso e assim circundados por paredes ósseas.


Nota 1: se você não é Periodontista (como eu e diversos leitores desse blog), quando examinamos esses defeitos clinicamente e nas radiografias, devemos contar o número de paredes que ainda estão presentes. Daí, surgem denominações como "defeitos de duas" e/ou "defeitos de três paredes".

Bem, se existe um defeito intraósseo, então pode haver um problema no tecido mole? A chance é significativa. Em dentes anteriores, por exemplo, esses defeitos fazem com que as papilas gengivais fiquem "curtas", gerando espaços negros. São casos típicos entre um incisivo central e um incisivo lateral superior, após um processo de regeneração ou doença periodontal.


A imagem visual é um tanto incomodativa, especialmente se for unilateral, se o sorriso do paciente for amplo, se a linha do sorriso for alta, se esse defeito for angulado (um desnivelamento entre os zênites gengivais). Em linhas gerais, o tecido mole das papilas muda (se reacomoda) porque o osso também muda após o tratamento da doença periodontal.


Nota 2: defeitos intraósseos são comuns na Periodontite estágios III ou IV. Se você não sabe classificar a gengiva do seu paciente, clique no link abaixo com os formulários simplificados para fazer download:


Para atacar essa situação, temos os concentrados plaquetários autólogos (CPA ou APC (autologous platelet concentrates), representando o desenvolvimento de uma malha/rede de fibrina para reter células e fatores de crescimento, tecnicamente proporcionando uma liberação controlada desses elementos biológicos. Pelo menos, são 20 anos entre o conceito e suas variações clínicas.


Nota 3: as centrífugas podem gerar formas semissólidas ou líquidas de PRF em função de protocolos estabelecidos (química dos tubos de coleta, tempos de operação, e valores de força g).

O ponto central: é preciso demonstrar, com números, que a terapia com alguma modalidade de CPA/PRF gera um benefício clínico (custo x investimento) melhor do que as terapias convencionais (os biomateriais que você compra de rotina).


Desta forma, alguns desfechos (resultados) importantes devem ser ponderados:


  • redução na profundidade de bolsa (mm)

  • ganho de inserção clínica (mm)

  • preenchimento ósseo radiográfico (mm)

  • sondagem óssea (mm)


A revisão sistemática mais recente em PRF

Tudo girar em torno de comparações. Claro, você, leitor do meu blog, está plenamente capacitado para ler uma revisão sistemática.


No desenvolvimento em questão, apenas estudos randomizados controlados (1 ano de acompanhamento) foram considerados. Abaixo, os cruzamentos e os achados mais impactantes:


Desbridamento com retalho em campo aberto (sem e com PRF)

  • redução na profundidade de bolsa: 1,27mm

  • ganho de inserção clínica: 1,2mm

  • preenchimento ósseo radiográfico: 1,59mm

  • sondagem óssea: sem dados disponíveis

  • a evidência é relevante e sugere ser benéfico usar PRF nessa situação



Desbridamento com retalho em campo aberto (PRF vs. T-PRF)

  • redução na profundidade de bolsa: 0,64mm

  • ganho de inserção clínica: 0,40mm

  • preenchimento ósseo radiográfico: 1 RCT apenas (sem meta-análise)

  • sondagem óssea: sem dados disponíveis

  • a evidência sugere que os dados devem ser interpretados com cautela



Desbridamento com retalho em campo aberto (vários biomateriais de enxertia comparados ao PRF)

  • redução na profundidade de bolsa: favorecendo sempre o grupo controle

  • ganho de inserção clínica (enxerto ósseo + (PRF x membrana de barreira): PRF = 0,54mm

  • ganho de inserção clínica: (enxerto ósseo x PRF): enxerto ósseo = 0,40mm

  • ganho de inserção clínica: (EMD x PRF): sem diferenças

  • preenchimento ósseo radiográfico: favorecendo o grupo controle

  • a evidência sugere ser interessante usar PRF com material de enxertia óssea, menos na situação com EMD



Desbridamento com retalho em campo aberto (com e sem PRF no tratamento regenerativo existente)

  • redução na profundidade de bolsa: 0,59mm

  • ganho de inserção clínica: 0,57mm

  • preenchimento ósseo radiográfico: 0,67mm

  • a evidência sugere algum benefício do PRF


Desbridamento com retalho em campo aberto (PRF + biomoléculas)

  • redução na profundidade de bolsa: 0,68mm

  • ganho de inserção clínica: 0,85mm (antibióticos e laser, isoladamente, ainda foram melhores)

  • a evidência sugere algum benefício do PRF tanto com metformina, bisfosfonatos ou estatinas


Conclusão principal

Todas as modalidades terapêuticas mostraram benefícios do PRF, menos nos casos onde o EMD (derivado da matriz do esmalte) já era utilizado como terapia.


O que ainda será necessário?

  • mais estudos RCT de longa data. Aqui, apenas 8 do 55 selecionados tinham 12 meses de acompanhamento

  • mais evidências histológicas (desafiador do ponto de vista clínico)

  • descrição completa das centrífugas e protocolos utilizados, o que impediu diversas análises nesta revisão



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