"Comprometido, condenado, sem esperança". Este seria o fim da linha no prognóstico dentário? Ou, em linhas gerais, a pergunta é: até que ponto o seu dente pode funcionar bem?
"Hopeless tooth" é uma expressão em inglês que, em tradução livre, significa "condenado, comprometido, sem esperança".
O ser humano funciona bem com quantos dentes mesmo? Excelente pergunta. Dos 32 dentes existentes na raça humana, quatro (os do siso, os terceiros molares) dão mais trabalho do que ajudam. Então, começamos com 28 dentes. Porém, uma cárie aqui, uma restauração lá, tratamento de canal, uma trauma dentário, uma trinca...técnicas de prevenção contemporânea que ganharam força nos anos 1990 e começo dos anos 2000...essa conta biológica fecharia, até o primeiro molar de cada lado, na maxila e na mandíbula, em 20 dentes.
Ainda, existe a teoria do arco dentário curto. Esse assunto fica para outro momento.
Um dente é tão complexo quanto um prédio: paredes externas muitos duras (o esmalte, para cortar e mastigar), paredes intermediárias (a dentina, que é colágeno e tem função estrutural), e finalmente seus moradores (a polpa, reservatório de vasos sanguíneos e nervos, nosso "mini coração").
E como todo "prédio", ele precisa de uma boa fundação de concreto (o osso da maxila ou da mandíbula) e suas vigas (o ligamento periodontal).
Se os prédios precisam de manutenção por diversos motivos, com os dentes não seria diferente.
Voltando ao nosso tópico: "comprometido, condenado, sem esperança". Como sabemos que esse dia chegou?
Por exemplo, seria efetivo extrair dentes nesta situação e colocarmos implantes dentários? Uma pesquisa recente indica que o custo de manutenção dos implantes parece superar o custo de manutenção em dentes periodontalmente comprometidos.
Bem, no prognóstico do elemento dentário, quais seriam as quatro áreas importantes ao consideramos um dente com prognóstico "comprometido, condenado, sem esperança?
quantidade de remanescente periodontal: o sinal de alerta é quando tivermos menos de 30% da altura óssea alveolar, incapacidade para higienização correta, evidência de doença periodontal ativa;
quantidade de remanescente estrutural: <30% de altura coronal, sem permitir boa proporção entre coroa e raiz, e ausência de efeito férula;
endodontia: tratamento endodôntico irregular, retratamentos endodônticos que não funcionam;
posição no plano oclusal: dente severamente fora do plano, comprometendo dentes antagonistas, dificuldade de higiene, dificuldade de movimentação ortodôntica, tratamento efetivo comprometendo a proporção coroa versus raiz
As condições acima indicam que o risco de perder esses dentes ao longo do tempo é alto. Desta forma, cabe ao profissional decidir se o dente nessas condições, por exemplo, serviria como bom pilar de uma prótese fixa.
Importante: se a quantidade de estrutura acima da margem gengival for zero, com as lesões invadindo a dentina, ou se houver uma trinca que se estende até o ápice, o prognóstico dentário mudaria para extração.
Para saber mais sobre o diagnóstico de trincas e o que fazer com raízes remanescentes, clique nos posts sugeridos abaixo.
Commentaires